terça-feira, 9 de junho de 2009

objeto: O Trítono no imaginário musical ocidental - análise da música Black Sabbath.


00000000000001111111111111100000000000111111100000000000000Os efeitos da música e a simbologia agregada por estas manifestações no imaginário humano, vem sido observadas em diversas sociedades através de relatos diversos na história.

De acordo com a obra O som e o sentido de José Miguel Wisnik, em algumas sociedades antigas como as civilizações árabes e indianas, já demonstraram ter conhecimento sobre estes aspectos. Dentre eles, a observação e relação entre a harmonia e a dissonância nas composições músicais expostas em um determinado ambiente, e o comportamento apresentado entre os indivíduos neste espaço. Há também estudos sobre as notas musicais e os efeitos políticos, sociais e psicológicos que estes sons potencialmente causariam nas pessoas.

Existem também outras descrições mais antigas do poder das manifestações sonoras e seus efeitos sobre o comportamento dos homens. Os gritos de guerra de alguns grupos tribais antigos, remetiam a um intervalo musical que corresponderia a composição de um trítono, que geraria medo e tensão no inimigo. Os ocidentais reconhecem que este intervalo musical possui um aspecto angustiante, inquietante e desagradável.

O trítono chegou a ser proibido pelos religiosos durante a idade média. Denominado diabolus in musica, foi censurado nos cantos gregorianos pelo seu efeito de desacordo e dissonância, muitas vezes considerado como um intervalo musical que causa desconforto, podendo causar possíveis comportamentos de rebeldia e que poderiam levar a uma transgressão da ordem religiosa comportamental imposta nesta época.

O intervalo musical classificado como trítono pela teoria musical, é uma manifestação sonora muito mais primitiva, instintiva e inconsciente, do que uma construção teórica premeditada baseada em uma notação ou classificação musical. No período moderno posterior, o trítono passou a ser utilizado de maneira mais livre pelos compositores eruditos, como Berlioz, Wagner, entre outros. O recorte histórico de transição da idade média para a idade moderna, foi o momento em que o uso desta manifestação já devidamente teorizada pelos sistemas de notações musicais fora talvez utilizada pela cultura revolucionária pré-burguesa como uma ferramenta para se alcançar um fim de contestação, provocação e oposição à cultura hegemônica da igreja ocidental medieval através da música.

Nas manifestações musicais contemporâneas, o trítono vem sendo utilizado de maneira mais patente pelos conjuntos musicais de rock, e suas vertentes mais radicais e politicamente contestadoras. Geralmente a simbologia agregada às composições musicais executadas por estes grupos, remetem à críticas sociais e ideológicas voltadas principalmente às religiões historicamente hegemônicas e opressivas, além de outras formas de contestação social.

O trítono pode ser considerado uma ferramenta de composição musical voltada à rebeldia, à negação e à crítica sócio-política através de sua interpretação simbólica histórica pelo imanginário da cultura ocidental.

Para realizarmos esta análise, escolhemos a primeira faixa auto intitulada do disco de estréia da banda de rock britânica Black Sabbath lançado em 1970. Nesta composição, percebemos a utilização patente do trítono em toda sua estrutura.



Observamos logo nos primeiros segundos da faixa analisada, uma introdução com um som de chuva contínua e pesada, juntamente com o toque de sinos de uma igreja, que nos transporta para o tipo de clima tenso e sombrio que a banda intencionalmente transmite, bradando logo nos primeiros três acordes executados a fomação de um trítono.

Uma idéia de obscuridade e estranhamento também pode ser notada primeiramente nas fotografias e ilustrações do encarte do disco. Nos remete a uma atmosfera de mistério e sensações de contato com o mundo sobrenatural, um dos principais conceitos do grupo em suas composições.

As letras da música, igualmente obscuras e tenebrosas, transmitem ao mesmo tempo um tormento pessoal por parte do intérprete, assim como um descontentamento e um sentimento de total desesperança por parte da humanidade em si. As últimas frases disparadas pelo vocalista descrevem uma verdadeira cena apocalíptica de pessoas fugindo desesperadas de uma destruição total do mundo que se apresenta bem a frente delas, comandado pelo próprio Satã.

Ao longo da carreira do conjunto observamos a utilização do trítono em diversas oportunidades. Um aspecto curioso é que toda a contestação musical e política iniciada pelo Black Sabbath, ia de encontro com as manifestações contraculturais de outros conjuntos musicais do período, principalmente as vertentes do rock progressivo e psicodélico que representavam o movimento hippie e suas contestações dos modelos familiares, como formação primordial da sociedade burguesa. Os ideais de paz, amor e "não-guerra" deste movimento específico, não eram os assuntos mais presentes no trabalho do grupo. As canções do Black Sabbath possuíam uma abordagem com relação aos temas em debate na época muito mais agressiva, realista e politicamente direta.

O Black Sabbath exerceu uma influência musical muito mais radical e profunda, significativamente evidenciada pelos grupos mais extremos e politizados do rock pesado das décadas seguintes, que muitas vezes resgatam os modelos de contestação políticas e culturais da sociedade através dos sentimentos de revolta e insatisfação demonstrados pela juventude politicamente não-pacifista e engajada da década de 1960, perante a alienação e a iminente possibilidade de destruição do mundo ocasionados pelas divergências políticas entre as potências globais em meio à guerra fria.





Nas manifestações musicais contemporâneas mais extremas, além do uso do trítono nas composições, os grupos acrescentam outros elementos que podem ser considerados ruidosos e provocativos para o imaginário da cultura ocidental dominante, como o advento da velocidade extrema, a utilização de camadas de sons subliminares e/ou dissonantes que se deslocam da estrutura musical proposta, entre outros elementos estéticos considerados ofensivos e pouco deglutíveis para o atual mercado musical de massa.111111111111111111110000000000000000000111111111111111111111111110000000000000000011111111111111111111100000000000000

terça-feira, 2 de junho de 2009

evento: exibição pública de uma pedrada na cultura da mercadoria

00000011111000011100001 Este é um convite aos interessados nos debates, discussões e críticas a respeito do domínio social hegemônico exercido pelo modo de produção capitalista e o mundo da mercadoria. Nesta sexta-feira dia 05/06/2009, na Universidade Guarulhos - campus Dutra, prédio A, sala 102, pontualmente as 18:30, ocorrerá a exibição do vídeo/documentário ''Sociedade do Espetáculo'', produzido por Guy Debord no ano de 1973. Principal mentor intelectual do grupo de caráter revolucionário unitário Internacional Situacionista (1957-1972), aborda os mecanismos de alienação e as ferramentas utilizadas pela cultura oficial na tarefa de legitimar a organização capitalista na sociedade e sua disseminação hegemônica histórica em larga escala. A crítica realizada pelos situacionistas à sociedade da mercadoria e de seus mecanismos de representação espetaculares de caráter planificador, separador e homogeneizador, continua demonstrando sua vitalidade nos dias atuais pelo agravamento das contradições internas observadas nas estruturas sociais.

sábado, 30 de maio de 2009

Quase 50% dos 924,5 milhões de habitantes da África vivem com menos de 1 dólar ao dia, abaixo do nível de pobreza definido pelo Banco Mundial.Digo isso não apenas para expor a preocupante situação da pobreza do povo africano, mas também para justificar minha total aversão ao Natal. Temos a percepção de que o Natal é uma data em que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo. Na antiguidade, o Natal era comemorado em várias datas diferentes, pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Foi somente no século IV que o 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial de comemoração. Na Roma Antiga, o 25 de dezembro era a data em que os romanos comemoravam o início do inverno. Portanto, acredita-se que haja uma relação deste fato com a oficialização da comemoração do Natal. Particularmente o Natal nunca “me fez a cabeça”. Minha mãe conta que eu tinha medo do Papai Noel, e que quando algum se aproximava, logo começava a chorar. Passei a gostar menos ainda quando cresci e aprendi que o Natal é utilizado, atualmente, como forma de aquecer o mercado e proporcionar descanso aos trabalhadores. O Natal movimenta o comércio, traz novidades em todas as áreas e faz com que as pessoas sintam a necessidade de presentear os parentes e comprar algo que os agrade. Como um forte engodo, esta festividade tenta transformar todos nossos problemas e aflições num fato passageiro que é resolvido numa loja bem cheia. Ao passar o cartão no caixa registradora, nossas angústias logo somem, como se o espírito do natal nos enchesse de paz e fraternidade. Tudo fica “cor-de-rosa” e até os problemas familiares parecem desaparecer.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Qual seria a pior modalidade intelectual?

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Na atualidade, observamos uma boa parcela destes intelectuais que se ajustam aos poderes estabelecidos com uma função orgânica na consolidação das estruturas e instituições sociais. Representam uma postura bem definida, não alienada, e com um propósito de manutenção de uma condição hegemônica de uma determinada classe à qual eles pertencem.
Uma outra parcela destes intelectuais, menor em número e organização, a partir da elucidação e conscientização desenvolvida, escolhem para si um posicionamento baseado no senso crítico, na contestação de valores sociais e culturais até então inquestionáveis, e na disseminação e facilitação ao acesso deste conhecimento para um público maior e mais propenso às dominações ideológicas da classe dominante. Igualmente aos intelectuais da ordem, representam uma postura definida, mas se diferenciam pela oposição e crítica ao imaginário da cultura hegemônica.
Outra modalidade intelectual, muito observada principalmente nas classes médias brasileiras, e arrisco-me a dizer que são os maiores representantes desta modalidade, possuem uma postura de indefinição, ou melhor, de omissão política perante a facilitação e transmissão destes conhecimentos que poderiam ser potencialmente transformadores para os indivíduos pertencentes às classes menos favorecidas. Seu posicionamento beira a ambiguidade; não pertecem à esfera dos intelectuais oficiais do establishment, e tampouco assumem uma posição de crítica e questionamento destes valores. Contentam-se em discutir suas idéias ''eruditas'' apenas nos seus restritos círculos de conhecimento alienados da realidade, muitas vezes defendendo uma não contestação da configuração do real imposta culturalmente pela classe hegemônica, afirmando a aceitação de uma realidade que mais se parece com uma ficção científica estrelada pela mercantilização em escala global. Este pensamento contraditório é muitas vezes justificado com o argumento de não desejar se colocar num pedestal de ''superioridade intelectual'' perante a ''massa'', como eles próprios adoram generalizar e planificar os grupos de indivíduos que não possuem tal acesso. De maneira egoísta, e trancafiados em guetos culturais como se fossem condomínios fechados, acabam assumindo de maneira involuntária o posicionamento da cultura dominante, rejeitando sua condição de sujeitos da história e colaborando com a repetição contínua da lógica burguesa da exclusividade.000000000000000000000000011111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111110000000000000000000000000011111111100000001111111000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000001111100000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000011111110000000000000000000000000000011111111111111000000000000000000000000000000001111111111
000000000111110000000000001010101111111111111111101 ESDRÚXULO adj.1.Gram.Proparoxítono.2.Pop.Esquisito, excêntrico.*sm.3.Gram.Proparoxítono. fonte:Mini Aurélio: 6ª edição revista e atualizada 111111110101000000000010100000000000001111110101010

sexta-feira, 8 de maio de 2009

a morte da vanguarda

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celebrai-vos a nova era das trevas

as condições históricas observadas no período pós-guerra foram extremamente favoráveis à consolidação definitiva do capital em termos globais.

a hegemonia ficou evidente após alguns acontecimentos históricos observados, por exemplo, os levantes húngaros em 1956 no bloco socialista, deixando clara a incapacidade revolucionária do modelo de estado socialista.

as possibilidades de transformações radicais das atuais condições de mal-estar social se fazem cada vez menores, sendo que as últimas manifestações revolucionárias realmente passíveis de sucesso observadas se esgotaram durante a década de 1970.

poderia esta ser o início de uma nova era de estagnação histórica, resultada da hegemonia incontestável do atual poder capitalista, assim como o exemplo observado da dominação cultural pela igreja cristã ocidental por longos séculos na idade média?


celebrai-vos então a nova era das trevas